24 de nov. de 2010

Festival Proclama Rock 2010: sucesso!!

por Bruno Rodrigues (vocal do Tiasques e membro da OCT)

A trajetória que resultou no Festival Proclama Rock de 2010 não foi curta. Depois de um ano adquirindo experiências, observando os diferentes perfis de público-rock da capital, os diferentes “nichos”, partimos para construção do que seria o evento. E para nossa felicidade, com pouco mais de um mês em plena publicidade, o resultado não poderia ser mais positivo! Sim, a segunda edição do Festival Proclama Rock foi um SUCESSO, tanto em termos de estrutura, qualidade da programação, local e público! Quem foi não vai pensar duas vezes e assinar o que vou comentar nas linhas que se seguem. O planejamento foi tão eficaz, que uma semana antes do evento, já prevíamos como poderia ser, uma vez que já existia uma atmosfera amena e fértil, quando falávamos às pessoas sobre o festival, que foi concebido e executado apenas com recursos dos próprios integrantes da OCT, com apoios de produtores, empresas (em espécie) e coletivos relacionados ao segmento rock da capital.

Estavam previstas 12 horas de programação, uma verdadeira maratona que iniciava as 18:00h e se estenderia às 06:00h. E por incrível que pareça, as 18:00h já haviam alguns malucos pelas redondezas, para se beneficiarem da promoção do festival (caipirinha na faixa até as 22:00h). Enquanto os shows não começavam, alguns vídeos de shows de ícones do rock rolavam, para os que estavam presentes se aquecerem. Então, por volta das 21:30h, a primeira banda subiu ao palco do Festival: PanImoral. Esta, de Alta Floresta, veio a Cuiabá para se apresentar na última Prévia do Festival Calango, que aconteceu um dia antes, no próprio Caverna’s Bar. A vaga estava reservada para alguma banda que se destacasse na Prévia, e como se destacaram, além de serem de outra cidade (sabemos bem, enquanto banda, qual é a necessidade de aproveitar uma viagem fazendo show’s que não estavam previstos no planejamento), ficaram com a vaga e, pelos comentários muito positivos dos que presenciaram a apresentação da banda no Festival, aproveitaram muito bem! De modo geral, a banda é especial, não somente na composição do quinteto (dois rapazes e três meninas), mas também na sua proposta, que claramente está alinhada com a tendência grunge – algo mais que explícito na vocalista e baixista (com a camisa do Nirvana). PanImoral mandou muito bem, em ambas as apresentações, e além de ter saído com muitos fãs, ainda conseguiu uma vaga na Calango 2010. Parabéns! Esperamos vê-las mais vezes na “cidade infernal”.

Após PanImoral, foi a vez do Mad Sozen, banda da casa, que apesar de ser recente, tem conquistado o seu espaço, pelo talento excepcional de alguns de seus membros, como o vocalista, que além de ser muito afinado, sempre está bem a vontade no palco. Sobre o show, mandaram vários clássicos do rock e levaram a galera ao delírio, concentrando muita gente na frente do palco. Assim como PanImoral, incendiaram o público, que naquela altura, começava a chegar em massa. Então, por volta das 23:00h, N3CR subiu ao palco. Foi só anunciar a banda, que a galera chegou junto e em pouco tempo, o salão estava lotado! O show foi energético, do início ao fim. Foi a segunda vez que vi a banda, e constatei as minhas primeiras impressões: ótima presença de palco de todos os integrantes, principalmente do vocalista, músicas muito boas e redondamente executadas, e bem divulgadas, pois grande parte da galera cantava com a banda. Durante os show rolaram até ‘rodinhas’ e também tocaram uma música inspirada no filósofo Nietzsche. Enfim, o HC mandado por N3CR foi responsá! Showzaço mesmo!

Dando sequência a programação, uma das bandas anfitriãs, Tiasques, assumiu o comando do palco. Como é impossível falar da banda na ‘terceira pessoa’, pois sou o vocalista, vou falar das minhas impressões e da banda (primeira pessoa). Ficamos impressionados com a recepção e energia do público presente. Antes mesmo do término da primeira música, o salão estava lotado, com muita gente observando atentamente o que estávamos fazendo. Quando encerrávamos cada músicas, ouvíamos muito aplausos. Isso, para uma banda que trabalha há anos com música autoral, é muito gratificante, pois é incentivo e reconhecimento. Tivemos uma impressão parecida quando tocamos no Paraná, e para todos os integrantes da Tiasques, esse foi o melhor show do ano, em Cuiabá. Houve uma troca de energia entre banda-público indiscutível, que eletrizou todo mundo, fazendo inclusive Maykonn Sauder, o guitarrista, despencar sua guitarra no chão, na penúltima música. Muito legal mesmo! Agradecemos a todos que acompanharam a apresentação!

Depois de 10 minutos do término do show da Tiasques, outra banda anfitriã e organizadora do Festival, subiu ao palco: Base Oculta. Formação nova, mas sem dúvidas, a melhor de todas a que a banda já experimentou: Tenio Moura (vocal), Caio B. e Guto (guitarras), Jósa Souza (baixo) e Dinho Moura (bateria). A experiência de Caio B. (ex-Males de Anto, Id-Rock, etc), o talento de Guto (estudante de Música da UFMT) e o empenho de Jósa, deram uma nova cara ao B.O.! A banda, durante a apresentação, conseguiu trazer a galera para frente do palco e empolgar todo mundo, com gestos, palmas, tanto em suas canções próprias, quanto nas suas releituras (Engenheiros do Hawaii, por exemplo). Foi um show muito legal, digno de Festival e também a altura da nova formação, que ainda tem muito a render! Parabéns B.O.!

Depois quem deu sequência foi Branco Ou Tinto, banda muito aguardada na programação do Festival. Afinal, qual banda cuiabana que mais produziu material que o B.O.T. durante 2010? O show foi simplesmente impecável! O Power trio está literalmente voando! Foi só terminar a primeira música que o salão estava lotado e ficou assim até o final. O show foi marcado quase que integralmente por canções próprias (muito boas, diga-se de passagem), e uma ou duas releituras de clássicos do rock, como “Ace Of Spades” do Motörhead. Uma das canções próprias (admito, sou suspeito de falar!) que incendiou a galera (ouvi gente dizer que via “Placebo” nela) foi “O amor caiu em desuso”. Enfim, parabéns B.O.T.! Todos temos orgulho de vocês!

Já era cerca de 01:30, quando Anhangá, outra banda muito esperada, subiu ao palco. Fiquei impressionado, e isso por vários motivos! Primeiro, a presença de palco da banda é impecável. Segundo, as músicas são ótimas, bem estruturadas e claras. Terceiro, era a primeira apresentação da banda, com a atual formação, que além de Danilo Sosai no baixo, agora conta com Rodrigo Cutiaro como guitarrista e vocalista. Além disso, a banda atende há vários requisitos fundamentais, como bons equipamentos, ótimo figurino e carisma. Enfim, foi outro show destruidor! Haviam muitas pessoas extasiadas, como um que agarrou o retorno e colocou junto ao ouvido para ouvir o solo de Rodrigo! (kkk) Por fim, foi uma grande satisfação ter Anhangá na segunda edição do Festival Proclama Rock!

A última banda da noite também era muito aguardada, principalmente pelos seus fãs, que foram, inclusive, uniformizados: Rhox! Esta é uma banda com vários anos de experiência, com muitas músicas próprias e inquestionáveis qualidades, a começar pela grande presença de palco dos integrantes. Nitidamente a banda tem entre as suas inspirações o Rage Against The Machine, claro! Letras politizadas, que realmente dizem algo que vale a pena se ouvir, em tom de manifesto. Showzaço também! Assim como várias bandas da noite, lotaram o salão do início ao fim, com muita energia. Da parte das bandas, Rhox fechou com chave de ouro!

Após um breve intervalo, que fechou a grade de programação foi André Gorium, com um notebook e um setlist dançante, embalou os presentes ensandecidos até cerca de 05:30h. André tem um trabalho muito bacana e sem dúvidas, é uma surpresa muito agradável nesse meio. Foi uma satisfação tê-lo na programação!

Teriam muitos outros acontecimentos a serem destacados no Proclama desse ano, como por exemplo, a exposição de Fanzines super-interessante que estava acontecendo ao lado das mesas de sinuca, organizada por Carol Martins. Lá tinham fotos de movimentos, tendências musicais, intelectuais anarquistas e mensagens políticas de alto nível – “Faça Você Mesmo”!

Pra finalizar, é preciso tentar ao menos esboçar uma lista de agradecimentos, que de tão imensa, podemos conter algumas injustiças, mas pelo menos vamos tentar: às bandas que toparam se apresentar no Proclama; ao apoio de Fábio Boretti, que despendeu grande empenho em garantir a melhor qualidade sonora ao evento; ao proprietário do próprio Caverna’s Bar, Cachorrão; a Nildo Rocker, Luciano Maehler e Ronny Costa, que deram uma grande força durante o evento; à Água Letrinha, que forneceu copos de água às bandas; ao Scars Tattoo que patrocinou uma tatuagem comercial, que foi sorteada (vencedor: Fernandão Black Mirror); ao Estúdio Riff, que patrocinou 4 horas de ensaio; à Mikhail Baraniuk, que além de ter sido responsável pela criação das artes do Festival, tomou a frente na articulação do material gráfico; ao Letras & Música, que funcionou como Ponto de Venda de ingressos antecipados; e, enfim, a todos (as) integrantes da OCT que deram sangue e suor para o essa edição saísse do papel: Tenio Moura, Jósa Souza, Caio B., Eduardo Lamark, Débora, Mikhail, entre outros.


O texto está um pouco longo, mas não poderia ser diferente, pois o Proclama Rock 2010 foi tudo isso e mais um pouco, que meus olhos solitários, por serem somente dois, não puderam registrar mais informações além destas. Um grande abraço a todos (as) e espero, em nome da OCT, que todos possam se inspirar nessas ações e tomarem a iniciativa agirem de alguma forma, pois a cena rocker cuiabana precisa se renovar, necessita de novos agentes, de um novo ciclo, que temos certeza, que está por vir.

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